CONFIRA O DESFILA DA ESCOLA DE SAMBA ILHA DO MARDUQUE

SINOPSE DO ENREDO

Hoje as energias ancestrais vibram na imensidão do céu de Olorum, o grande criador, e atravessam o manto preto da noite para reverenciar o berço sagrado da humanidade. Como centelhas iluminadas da poeira universal, se espalham através dos movimentos dos ventos primordiais e, carregadas de magia, embalam o poder dos quatro elementos da criação, que dançam com Odudua, para coroar a obra de Obatalá.

São manifestações do sopro divino, em rituais que glorificam a vida e revelam os caminhos do tempo para celebrar a manhã do mundo, o princípio do todo.

São elos que ligam passado e presente, como testemunhas do grande criador que preencheu de vida, o vazio inicial.

São raízes e fundamentos que fizeram da África, a mãe majestosa, preta, de cabeça erguida e coroada pelo axé dos seus Orixás; a senhora do ventre que nos conecta e une, como frutos do mesmo baobá.

São vozes que sussurram através de Ifá, o Oráculo Divinatório, e nos revelam essa história:

Contam que Olorum, se entristeceu um dia, cansado da solidão do poder e das tarefas da criação. Em sua divina sabedoria, o senhor do infinito percebeu que ainda faltava algo na grande obra da criação. Então deu a Xangô a responsabilidade da solução. Xangô consultou o oráculo e imolou um bode branco em oferenda e dividiu a carne entre todas as divindades. Em seguida, aqueceu a pele do bode na fogueira. Ainda com o fogo, tornou oco o pedaço de um tronco seco da floresta e sobre uma das extremidades, Xangô esticou a pele do animal e inventou o tambor.

Xangô começou a percutir o tambor com força e destreza. Exu mensageiro gingou ao som arrebatador e, logo depois, todos os deuses da África, dançando ao som sincopado, fizeram a primeira festa na manhã do mundo.

Olorum gostou do fuzuê e descansou feliz. Era isso que faltava. Olorum sorriu.

Então, o ventre da mãe preta generosa, floriu e frutificou. Caravanas, em um vai e vem constante, cruzavam as areias do Saara, levando e trazendo riquezas; impérios colossais foram erguidos; faraós, reis e rainhas comandavam grandes exércitos de destemidos guerreiros e guerreiras, acumulando fama e poder. Os cortejos reais eram luxuriantes e os palácios decorados com o que havia de mais nobre: tecidos finos, marfins, peles de pantera e até metais e pedras preciosas. A ciência conheceu avanços extraordinários e a arte revestiu-se de esplendor.

Porém, os ventos da ganância e as ondas da crueldade, levaram os mensageiros da morte às costas africanas.

Um filho de Xangô foi capturado e jogado no porão de um navio. Esse preto Iorubá, do reino de Oió, chegou, entre correntes de ferro e centenas de outros homens e mulheres, ao outro lado da calunga grande, na terra onde Olorum era conhecido como Tupã. E, mesmo entre a dureza das correntes e o cheiro da morte do seu povo, conseguiu levar para o país de Tupã, o tambor inventado pelo pai.

Ao chegar do outro lado do mar, submetido, mas insubmisso, ao horror do cativeiro, o filho de Xangô bateu forte no tambor e com o poder do ritmo ancestral, convidou para o fuzuê o povo de Tupã, os deuses das matas e macaias. Eles vieram, atraídos pelo fervor das danças e pelo clamor das festas, e resolveram ficar.

Até mesmo alguns dos que chegaram para dominar a terra foram seduzidos pela festa. A generosa festa dos filhos de Olorum, nos terreiros do Brasil. O tambor, filho de Xangô, é o pai do nosso povo.

Portanto, não se deixem enganar! Nós não descendemos de escravos. Descendemos de caçadores e guerreiras; de artesãos e magos; de reis e rainhas; de Cleópatra; de Mansa Moussa; de Makeda, a Rainha de Sabá; da Rainha Ginga e do Alafim de Oió.

É bem verdade que em dado momento da história, muitos foram submetidos ao cativeiro.

E resistiram!

E venceram!

Venceram sim, porque não foram aniquilados. Nós sabemos que não foram aniquilados!

Porque hoje nós existimos, e as nossas vidas, o nosso existir, são as provas da sua história, da sua vitória, da sua resistência ante todas as dificuldades que vieram onda após onda, a bordo de embarcações de ganância e crueldade.

E continuam vindo!

E nós continuamos lutando e mantendo nossas cabeças à tona!

Antes de nós vieram mil gerações da nossa gente, do nosso sangue, da nossa carne. E dessas mil gerações, algumas foram subjugadas. Mas essa condição não os define e, definitivamente, não nos define.

O que nos define é a capacidade de continuarmos avançando apesar do julgo deles, apesar do preconceito que ainda hoje fere o espírito e tira vida do povo preto. Mas nós sabemos das nossas origens, das nossas raízes. Nós somos orgulhosos filhos do tambor de Xangô, descendentes da realeza africana, e a ancestralidade é a coroa que herdamos e ostentamos nas carapinhas ou nas tranças cheias de fundamentos.

Que ecoem os tambores da Unidos da Ilha do Marduque!

Que ecoem por nossa ancestralidade!

Que ecoem por toda a eternidade!

Axé, Ilha!

Cid Carvalho.

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