Sinopse do Enredo CARUMBÉ 2023

Só com o coração se vê bem, o essencial é invisível aos olhos.

Antes de começar essa história, peço desculpas aos adultos porque sabemos que às vezes é difícil para eles entenderem outra coisa que não seja a notícia sobre o governo, o dólar, quem ganhou o superclássico ou as desgraças de alguma pessoa famosa. Esta é uma história muito séria, escrita com lápis de cor. É uma história com tesouros frágeis como uma rosa e segredos sobre como samba uma tartaruga.

Mas vou dizer-lhe, sobretudo, porque se trata de um amigo. E se não me lembro, posso me tornar uma daquelas pessoas grandes que só se importam com os números.

Meu nome é Antoine e sou aviador. Tudo começou há seis anos quando eu estava viajando sozinho no deserto e algo quebrou no motor do meu avião. Na primeira noite dormi na areia e no início do dia uma vozinha me acordou pedindo que eu desenhasse um cordeiro para ela. Levantei-me de um salto, esfreguei bem os olhos e vi o Pequeno Príncipe (O Principezinho). Demorei muito para entender de onde veio. E tenho sérias razões para acreditar que O Pequeno Príncipe era do Asteroide B 612, que foi avistado apenas uma vez, em 1948 – mesmo ano em que um grupo de amigos deu vida a Carumbé. Seu planeta era pouco maior que uma casa! E ali as sementes de baobá eram um verdadeiro problema. Porque os baobás são árvores do tamanho de igrejas.

E se você ficasse grande demais, poderia explodir seu planeta. Mas como todos os males, antes de crescer, os baobás começam por ser pequenos. No terceiro dia que compartilhamos no deserto, enquanto eu tentava consertar meu avião, O Pequeno Príncipe me perguntou: "Um cordeiro, se come baobás, também come flores?" Foi assim que descobri a existência da flor. Em seu planeta sempre houve flores com uma única fileira de pétalas. Mas esta flor era diferente. Surgiu de uma semente que veio não se sabe de onde e O Pequeno Príncipe cuidou dela com dedicação.

Era linda demais, mas extremamente vaidosa. Atormentava tanto o Pequeno Príncipe que ele decidiu embarcar em uma jornada – mas não antes de varrer cuidadosamente os três vulcões de seu planeta, arrancando os últimos brotos de baobá e regando-o. Ele aproveitou uma migração de pássaros selvagens para começar a percorrer diferentes asteroides. A primeira que visitou era habitada por uma irmandade de reis muito preocupados em exercer sua autoridade. A segunda, por uma guilda de vaidosos que só se importava com os aplausos. Então ele chegou a uma onde vivia uma multidão de bebedores que o enchia de melancolia. E depois um que pertencia a uma corporação de empresários, muito ocupado com posses, mas sem tempo para aproveitá-las. O quinto planeta para onde ele foi era tão pequeno que as 15 lanternas e os 15 cavalheiros que constantemente os ligavam e desligavam mal cabiam nele. A sexta, por sua vez, era bem maior e habitada por uma comunidade de geógrafos que nunca a havia visitado. De cada um deles, O Pequeno Príncipe partiu pensando que pessoas grandes são decididamente raras.

Assim chegou ao sétimo planeta: a Terra. O Pequeno Príncipe andou muito, subiu a uma alta montanha e finalmente encontrou um caminho que o levou a um roseiral, onde descobriu com tristeza que a sua flor, que julgava única, não passava de “uma rosa comum”. No entanto, logo depois conheceu uma raposa que fez amizade com ele e disse: “É muito simples: só com o coração se vê bem. O essencial é invisível aos olhos. O tempo que você perdeu com sua rosa é o que a torna tão importante."

Estávamos no oitavo dia do meu fracasso no deserto e eu tinha ouvido a história da raposa bebendo a última gota do meu suprimento de água. Então voltei para tentar consertar meu avião. E, contra todas as esperanças, consegui.

Fui contar isso ao Pequeno Príncipe e o ouvi conversando com uma daquelas cobras que podem executar uma pessoa em trinta segundos. Houve um raio amarelo perto de seu tornozelo e eu estava bem a tempo de receber meu bom amigo, pálido como a neve, em meus braços. Ele me disse: “Eu também vou para casa hoje. E eu vou te dar um presente. À noite você vai olhar para as estrelas. A minha é muito pequena para eu mostrar. Então você vai gostar de olhar para todas as estrelas... Todas elas serão suas amigas. E como eu estarei vivendo em uma delas, como eu vou rir em uma delas, então será para você como se todas as estrelas estivessem rindo. Você terá estrelas que sabem rir!”

Hoje CARUMBÉ ao ritmo dessas risadas, celebra os presentes que só a amizade pode gerar. Há 75 anos, aquele grupo de “Librenhos” nos legou este tesouro mágico. Tartaruga que nos une contra todas as tempestades e sempre nos traz de volta ao carnaval, para experimentar como crianças e saciar nossa sede no encontro com os outros.

Carumbé querido, continuaremos cantando à tua luz e ao teu calor. Que sejam mais 75 anos caminhando juntos, com o ritmo lento de Carumbé e sempre, sempre, procurando com o coração.

Escrito por Gabriel Gonzalo e Rocío Navarro.

Traduzido por Sabina Medina.


Baseado no livro O Pequeno Príncipe, do escritor e aviador Antoine de SaintExupéry